A greve que vem construindo dias melhores no país inteiro está sendo feita por profissionais engajados e detentores de conhecimento, com falas claras que demonstram a atual situação da educação brasileira. Se alguém acha que estas são falas antigas, talvez seja porque o descaso com a educação junte velhos com novos problemas. Estes “guerreiros educacionais” estão lutando unidos e não com conversas indignadas e soltas pelos corredores, mas juntando suas vozes para um grito mais alto, que possa atingir toda a sociedade. A escola não se faz no isolamento, trabalhamos com a matéria mais maravilhosa do universo, com a vida, portanto envolvemos toda a sociedade em nosso trabalho.
Uma greve histórica, em que a classe dos professores, unida, defende o que mais ama, sua profissão, buscando sua satisfação profissional e a justiça. A pauta de reivindicações desta greve vai além do Piso Salarial, e alguém que queira falar criticamente sobre este movimento, deve no mínimo ter amplo conhecimento do que está ocorrendo, isto é, estar informado dos motivos que movem a maioria dos profissionais em educação a cruzarem seus braços.
As negociações para a aplicação do piso caminham a passos largos, pois sindicato e professores estão informados e não sentem medo de lutar pelo que é justo. Sabemos questionar, buscamos as fontes, entendemos nossos direitos, logo, não somos uma classe profissional desinformada e sem conhecimento de causa. Por estes motivos mostramos que nossa força é enorme. Outro diferencial desta greve é o apoio da comunidade. Ficamos satisfeitos por haver dúvidas, críticas, elogios e uma diversidade de opiniões, já que o mundo não deve ser construído com cabeças iguais, “bovinamente marcadas”. Por este motivo, recebemos de peito aberto as dúvidas para poder esclarecer e dialogar com a comunidade.
Infelizmente, nobres colegas, este meu texto não vai mudar a realidade. Nunca um texto meu mudará a realidade e fico feliz por isto. A história não é individual, mas sim, coletiva: é feita de atos que convergem, pois o que é feito no isolamento costuma ser ditado, e eis que não quero ditar nada à sociedade. Portanto, este texto junta-se a outros tantos, com falas parecidas ou que questionam a minha posição, porque somente o coletivo poderá mudar a realidade.
Hoje vejo a história acontecer. Posso dizer que num sentido a greve já foi ganha, que é o da união de uma categoria, em mostrar ao governo o quanto a população é forte e pode lutar pelos seus direitos. Quem não acha um ganho a união de classes não deve acreditar na democracia e na liberdade. Muito está sendo construído: as conquistas aparecem diariamente, e nem todas são conquistas financeiras, mas sim, conquistas humanas. É olhar para alguém e ver que não está sozinho; saber que você, que cruzou os braços, é “um” e não “mais um” – é alguém que faz a diferença; é sentir-se importante; é sentir-se educador da prática.
Quanto ao governo, infelizmente não posso falar em nome Dele. Quisera eu poder assinar a lei do piso com as correções que já deveriam ter sido feitas desde o ano de 2008 e aplicá-las ao plano de carreira dos meus colegas. Pudera eu abrir um edital de concurso público, ou quem sabe dizer aos colegas grevistas do ano de 2008 que suas faltas foram revistas. Dizer para as merendeiras, que ficaram sem alternativa com a terceirização das cozinhas, que elas podem voltar a realizar seu trabalho como antigamente. Ah! Se eu pudesse oferecer uma qualidade de trabalho aos meus colegas, uma escola com as mínimas condições a todos os alunos; quisera eu resolver todos os problemas do mundo. Isso não é possível! A vida não se constrói sozinha, pois são essas dificuldades que alimentam nossa existência e nossos instintos mais primitivos de lutar para conquistar o que queremos. O que vejo é um novo começo, que aponta para uma mudança de mentalidades. Agora é a hora da Educação!
Professora Daiane Besen,
Graduada em História pela UNIVILLE, pós-graduanda e professora da E.E.B. Carmem Seara Leite.